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Silêncio

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Foi apenas o silêncio, Puro, introvertido, despojado A ocupar o espaço e a mente E a me devolver a vida, No tempo em que perdi as voltas À procura da razão de mim Tempo a querer domar a eternidade Sem perder o fogo e o espírito, De poder ser, de estar, Quando inquieta à espera do devir O caos se me colava às veias E eu não sabia já como existir. Era tempo de crisântemos …

Palavras novas

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Quero palavras novas, Para dizer o muito que te amo Palavras que só tu conheças, Disfarçadas de luas, de cometas, De orquídeas raras ou lírios inocentes Porque o amor que sinto é infinito, Maior que a harmonia deste canto, O crepitar do fogo que ainda sinto, A ternura sofrida do meu pranto ……………………………………… E a tua mão na minha, juntas… Faz o mundo perfeito, faz o espanto

Carta de amor

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Quero receber uma carta de amor Longa, arrebatada e ridícula, Igual a todas as que se escreveram, Cheias de palavras tolas e ridículas Quero sentir o toque a seda do papel, O cheiro da rosa seca já desfeita Encostá-la ao peito, enternecida, Rosto corado e alma desarmada Viagem ao tempo, certamente, De quando a vida era infinita, O amor uma galáxia, caos perfeito, Os olhos espantados por ver nada

Valor vem da alma !

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Quanto vale uma lágrima? Ou um abraço? E um sorriso que consola, quando perdemos o passo ? E quando o coração dói e a alma se contrai, haverá um gesto, uma palavra, que diga que um dia melhor virá ? E os sons que nos envolvem, nos amansam, nos comovem ? As cores espalhadas na tela, em pinturas insondáveis As formas, os movimentos, a poesia do momento em que um filho abraça o pai ? E como diria o poeta das mil vozes, das mil vidas, O valor é sempre o mesmo, vem da alma e nunca é menos

A mente

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Onda, vento, nuvem... Conjecturas da mente, que inquieta, Se ultrapassa O mundo, tela virgem, vaga de pintura Percebida pelo instinto, pelos sentidos O pensamento atrás do pensamento O existir e o deixar de ser O fôlego incapaz De reter a vida, de a explicar E a eternidade à espera de ter asas

Bela e Inocente

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Não mais serei bela e inocente, por meu mal ou bem, nem sei Sei que a vida me ensinou, Que a morte assombra os dias E o medo tem um cheiro Vi depois o espelho perder luz, Enquanto os dias se tornavam anos O tempo a renascer do tempo Água-Viva de múltiplas cores, Fénix de mil cinzas e enganos E neste outono de últimos desejos, Amo a vida com a mesma força As manhãs sabem sempre a beijos, A tarde nunca se nega à noite, Eterna virgem a guardar o espanto

Expontâneo

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E o beijo aconteceu Expontâneo, solto, pássaro a voar Flor colhida sem desabrochar E depois o sabor da boca e o hálito estranho, a tontura inesperada As mãos finas, revolucionárias, A desbravar o deserto do corpo Salgado e ávido E a espera, à espera do inevitável Derreter enternecido da pele, Da explosão do magma, Do grito mudo, A calar palavras não imaginadas E o retorno do ar, súplice Até o tremor calar as lágrimas

Hoje é o dia

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Hoje é o dia Em que as palavras temem Ser acorrentadas à mágoa, Perderem o sentido E viverem das memórias Hoje não há beijo, abraço, Vozes a cantarem, Um ano mais, muitos… E a ausência é palpável, Mais palpável Uma sombra, uma luz, Às vezes um som, como se Pequenas pedras batessem Na janela Um sorriso de despedida, na velha fotografia Uma borboleta branca, A voar sem tino Efémera, eterna

Fealdade

A beleza confunde-me os sentidos E leva-me às lágrimas qualquer que seja a hora E a fealdade que existe em toda a parte? Dela não faço mantra, não me importa

Margem do Rio

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Antes era a noite E a escuridão contida, iluminada Até o vento levantar o pano E a vida pôr a descoberto A margem do rio, a flor do Mar Noite das fronteiras do tudo e nada Das viagens pela pele e a seda Pelas casas assombradas Noite de afastar memórias que gritam ao rasgar o espírito, Ao calar o pranto inconsolado No vaivém da angústia, do prazer, Da carne que se solta e se compraz