"A curva da estrada"

Esta noite sonhei com a morte. A morte que é inevitável e me assombra; a que aparece nos mitos e nos ritos e ajuda a manter o domínio de uns poucos sobre muitos. A morte, bordão das religiões e cuja ameaça serve para alimentar narrativas mais ou menos transcendentais, de virtudes obrigatórias e pecados com castigos eternos, destinados a quem não segue as regras, mas também a todos os outros, porque não há puros. Anjo negro, ceifeira, caveira, símbolos dum universo construído para fazer pensar em como ela, a Morte, é omnipresente e implacável. Ela, "a curva da estrada", como disse o poeta multiplicado, a nossa mais fiel companheira, que nos segue como sombra, paciente e atenta, sempre à espera do momento certo para nos olhar nos olhos, dar a mão e levar em viagem para o desconhecido. Esta noite sonhei com a morte; olhei o espelho; não lhe vi a sombra, nem lhe senti o cheiro. Será que do outro lado estava a "curva da estrada"?

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