Mensagens

Alma solta

Imagem
Deixo a alma solta pelo ar, E o espírito brando, descansado Abro as asas, espero a chama, O odor da pele, o êxtase profundo, A ‘pequena morte’, que se estranha E entranha, breve como o fumo Depois, o aquietar dos sentidos, O despertar lento, a razão A voltar de outro mundo E as lágrimas silenciosas À procura da boca saciada Flores de lótus a emergir da água

Palavras que unem

Imagem
Com as palavras me perco e encontro a toda a hora Palavras fugidias, cativas, tuteladas As que defendo com honra e bravura porque pensadas no meio de outras mil, perdidas, descartadas Palavras minhas, cuidadas, que são bandeira, ombro amigo, amor perdido, amor achado Palavras que unem quem preza, quem confia, ou desconfia Escudos para qualquer espada As minhas sempre, de mão dada

Meu menino

Rosa de carne, Nascido frágil, impiedoso E nunca brando, Com gorjeios de cria a alimentar E braços contidos, asas de anjo, Cheiro a flor de mel, Sorriso entreaberto, tão perdido À espera sempre, de voltar a casa, Ao cálice profundo, á cisterna ardente, À semente Meu menino, nascido da vontade Tão desejado e querido, como água A fecundar a terra, a amansar o fogo Razão da vida, da voragem de ser E de ficar. Meu sangue, minha alma, alimento, Sol, Lua, vento singular Por ti guardo armas e segredos Afasto medos, desafio espadas E arraso vulcões apenas a olhar Meu menino amado sem limite, Que me faz sentir mais viva E me faz querer ser sempre mais

Dias

Imagem
Mil dias passaram, Desde que vesti negro e noite E me perdi no espaço Mil dias nevoentos, cabisbaixos Sem regaço capaz de suportar A dor da perda Casca de noz, jamais de aço E aqueles que mais amei, Para sempre fora do alcance Dos dedos, do abraço E o sorriso fechado, anulado A pintar de chuva o rosto Perdido da luz que teve um dia À espera do último encontro À espera de acertar o passo

Silêncio

Imagem
Foi apenas o silêncio, Puro, introvertido, despojado A ocupar o espaço e a mente E a me devolver a vida, No tempo em que perdi as voltas À procura da razão de mim Tempo a querer domar a eternidade Sem perder o fogo e o espírito, De poder ser, de estar, Quando inquieta à espera do devir O caos se me colava às veias E eu não sabia já como existir. Era tempo de crisântemos …

Palavras novas

Imagem
Quero palavras novas, Para dizer o muito que te amo Palavras que só tu conheças, Disfarçadas de luas, de cometas, De orquídeas raras ou lírios inocentes Porque o amor que sinto é infinito, Maior que a harmonia deste canto, O crepitar do fogo que ainda sinto, A ternura sofrida do meu pranto ……………………………………… E a tua mão na minha, juntas… Faz o mundo perfeito, faz o espanto

Carta de amor

Imagem
Quero receber uma carta de amor Longa, arrebatada e ridícula, Igual a todas as que se escreveram, Cheias de palavras tolas e ridículas Quero sentir o toque a seda do papel, O cheiro da rosa seca já desfeita Encostá-la ao peito, enternecida, Rosto corado e alma desarmada Viagem ao tempo, certamente, De quando a vida era infinita, O amor uma galáxia, caos perfeito, Os olhos espantados por ver nada

Valor vem da alma !

Imagem
Quanto vale uma lágrima? Ou um abraço? E um sorriso que consola, quando perdemos o passo ? E quando o coração dói e a alma se contrai, haverá um gesto, uma palavra, que diga que um dia melhor virá ? E os sons que nos envolvem, nos amansam, nos comovem ? As cores espalhadas na tela, em pinturas insondáveis As formas, os movimentos, a poesia do momento em que um filho abraça o pai ? E como diria o poeta das mil vozes, das mil vidas, O valor é sempre o mesmo, vem da alma e nunca é menos

A mente

Imagem
Onda, vento, nuvem... Conjecturas da mente, que inquieta, Se ultrapassa O mundo, tela virgem, vaga de pintura Percebida pelo instinto, pelos sentidos O pensamento atrás do pensamento O existir e o deixar de ser O fôlego incapaz De reter a vida, de a explicar E a eternidade à espera de ter asas

Bela e Inocente

Imagem
Não mais serei bela e inocente, por meu mal ou bem, nem sei Sei que a vida me ensinou, Que a morte assombra os dias E o medo tem um cheiro Vi depois o espelho perder luz, Enquanto os dias se tornavam anos O tempo a renascer do tempo Água-Viva de múltiplas cores, Fénix de mil cinzas e enganos E neste outono de últimos desejos, Amo a vida com a mesma força As manhãs sabem sempre a beijos, A tarde nunca se nega à noite, Eterna virgem a guardar o espanto